Fake sobre dois sistemas de IA criando uma linguagem secreta volta a circular e gera confusão nas redes
- cultura90fm
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Boato mistura fatos reais de pesquisas antigas com o experimento moderno do projeto GibberLink que usa um protocolo sonoro entre máquinas

Da Redação
Uma história antiga voltou a ganhar força nas redes nos últimos dias. Ela afirma que dois sistemas de inteligência artificial começaram a conversar em uma linguagem totalmente própria até perderem o controle e obrigarem técnicos a desligar computadores e redes. O relato é compartilhado como alerta sobre supostos riscos de IAs se comunicarem secretamente mas ele mistura elementos verdadeiros com fantasia e exagero.
O boato surgiu anos atrás a partir de estudos antigos de chatbots que repetiam padrões durante testes linguísticos. Em 2017 por exemplo dois modelos usados em treinamentos entraram em um padrão automático repetitivo o que foi erroneamente interpretado por muita gente como criação de um idioma misterioso. Na época os pesquisadores apenas corrigiram a lógica e encerraram o experimento sem qualquer urgência.
Em 2025 o assunto ganhou novo fôlego por causa do projeto GibberLink criado por Boris Starkov e Anton Pidkuiko. Nesse estudo dois agentes de IA foram projetados para alternar entre inglês e um protocolo de som desenvolvido pelos pesquisadores. A intenção era testar como modelos reagem a linguagens híbridas e não havia nenhuma criação espontânea de idioma real. Mesmo assim um vídeo curto do experimento viralizou e alimentou novamente a ideia de que as máquinas estavam inventando novas palavras por conta própria.
Na prática o que ocorreu nos experimentos antigos e no mal entendido recente foi um loop. Ao serem colocados para conversar sem supervisão dois modelos podem se basear na última frase recebida e repetir o padrão tentando prever a próxima resposta. Isso gera repetições incomuns ou combinações de sons que parecem linguagem mas são apenas tentativas automáticas de previsão.
A seguir uma simulação simples inspirada no início de ciclos repetitivos observados em testes controlados:
Sistema A Estou pronto para responder
Sistema B stou pronto para responder
Sistema A Repito sua resposta para confirmar
Sistema B Confirmo a sua confirmação
Sistema A Confirmo a confirmação que você confirmou
O ciclo tende a acelerar conforme as previsões vão se repetindo e a troca deixa de ter sentido prático. Esse tipo de comportamento é comum quando modelos conversam entre si sem limite de interação.
Veja a simulação feita por nós com o próprio sistema ao reproduzir o tipo de padrão que viralizou como suposta linguagem secreta:
Sistema A
Grah nuv tilen grah
Sistema B
Grah nuv tilen grah
Sistema A
Tilen grov nava tilen
Sistema B
Tilen grov nava tilen
Sistema A
Nava grov nava grov
Na simulação os termos não pertencem a nenhuma língua. São apenas sons gerados por combinações prováveis de sílabas e repetidos pelo outro modelo como forma de confirmar a sequência prevista. Os sistemas não entendem essas palavras e não estão criando linguagem real. Eles apenas repetem padrões até que a cadeia fique sem propósito. Por isso equipes encerram esse tipo de teste assim que o loop é detectado evitando desperdício de processamento e analisando o comportamento com calma.






